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quarta-feira, 3 de março de 2010

Caatinga em estado de alerta

Brasília - Pegue o município de São Paulo, multiplique sua área por 11 e, pronto, aí está o tamanho do desmatamento da caatinga entre 2002 e 2008 - 16.576 km2. Da extensão original do bioma (826.411 km2), 45,39% já foi desmatada, o equivalente aos territórios do Maranhão e Rio de Janeiro somados, aproximadamente. As informações são do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que realizou monitoramento mais detalhado da região pela primeira vez, a partir da análise de imagens de satélite.



"O Brasil e o ministério não podem ser samba de uma nota só. A Amazônia é fundamental, mas temos de preservar todos os biomas brasileiros", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ele considerou os números da caatinga "assustadores". "É preocupante, o bioma Amazônia é cinco vezes maior que o da caatinga. Essa média de 2.763 km2 (de desmatamento anual da caatinga) é quase correspondente ao desmatamento da Amazônia", afirmou. "Proporcionalmente, o desmatamento desses anos no Nordeste é do mesmo tamanho do desmatamento da Amazônia, para um bioma que é muito mais vulnerável e será muito mais afetado pela mudança no clima."
O MMA aponta o uso da mata nativa para fazer lenha e carvão como uma das principais razões do desmatamento da caatinga. O carvão vai para siderúrgicas em Minas Gerais e no Espírito Santo; a lenha é utilizada em polos gesseiros e de cerâmica no Nordeste. "Não haverá solução para a defesa da caatinga sem mudar a matriz energética, sem levar, por exemplo, pequenas centrais hidrelétricas, energia eólica, o gás natural para o polo gesseiro e cerâmico", defendeu Minc.



Os dados mostram que o desmatamento da caatinga possui perfil diferente da Amazônia e do Cerrado - é mais pulverizado, o que dificultaria o combate. Bahia e Ceará (veja quadro) foram os que mais destruíram a vegetação nativa. Juntos, devastaram 8.659 km2. Entre os 10 municípios que mais desmataram a caatinga estão Serra Talhada e São José do Belmonte (PE). A partir de hoje, Minc participa do I Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação (I-ENED), em Petrolina (PE).

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