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O Caso Jennifer // Ligações perigosas

A Polícia Civil de Pernambuco vai investigar se há algum envolvimento de Delma Freire de Medeiros, 48 anos, sogra da alemã Jennifer Kloker, 22, morta no Recife na terça-feira de carnaval, com a rede internacional de tráfico de seres humanos que levou o pernambucano Diego Augusto Santos Costa, 20, para se prostituir na Itália, em 2007. O jovem foi encontrado morto no Dia de Natal em 2009, numa cela do Centro de Identificação e Expulsão da Via Corelli, em Milão, local onde são detidos clandestinos naquele país. O drama do pernambucano foi apresentado pelo Diario no dia 29 de dezembro. Para a polícia italiana, ele teria se enforcado na cela.

Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press

A suspeita da Polícia Civil sobre a relação entre Delma e os aliciadores de Diego surgiu após ela ter procurado os familiares do jovem, na casa simples no bairro de Jardim São Paulo, em janeiro deste ano. Isso, logo após ter chegado ao Brasil para passar férias junto com o filho Pablo Tonelli, o seu pai adotivo Ferdinando Tonelli, a alemã e o neto. Os dois teriam ido juntos com Delma na casa de Diego. A mãe do jovem pernambucano, Audilene Alves dos Santos, 51 anos, confirmou que os três a procuraram, mas que apenas Delma falou. E que não teria visto Jennifer nesse dia.

"Não estou dizendo que Delma foi a responsável por levar meu filho para se prostituir na Itália. Eu só sei que alguém bancou todos os documentos, passaporte e suas passagens para ele sair do Brasil e deu no que deu. Só achei estranho eles terem vindo aqui dizer que a Itália não tinha nada a ver com a morte do meu filho", disse Audilene. Ela e Delma já se conheciam desde a época do colegial, mas não mantinham contato há anos. A família de Delmacostumava frequentar a rua onde mora Audilene, porque tem uma parente que reside no local.

Para ter mais subsídios sobre a conexão Brasil-Itália, a polícia está em busca de uma testemunha-chave, um homossexual, que diz ter sido levado por Delma Freire para se prostituir e teria passado por "poucas e boas", sob o seu poder. Esse jovem já teria conseguido escapar da exploração a qual era submetido na Itália e voltado a morar no Recife. Segundo os relatos, ele garante ter informações preciosas sobre a atuação da sogra de Jennifer Kloker no ramo de prostituição fora do país e está disposto a falar.

A suspeita do envolvimento de Delma Freire com o submundo de aliciamento e prostituição de travestis não é novidade para a polícia. Segundo uma fonte do Diario, a Polícia Civil já tem em mãos documentos vindos da Itália que comprovam essa atuação da sogra da alemã assassinada. Ontem, o Diario trouxe uma entrevista exclusiva com uma fonte italiana que denunciou a ligação de Delma Freire com uma rede de prostituição internacional. Inclusive, ela se apresenta como Débora.

A sogra de Jennifer teria levado os dois filhos, Pablo e Roberta, para serem explorados fora do país, quando ainda eram adolescentes. A filha conseguiu fugir e se casar. Hoje, não mantém contato com Delma e se apresenta como sobrinha. Já Pablo, segundo relatos, era garoto de programa e teria conhecido Ferdinando Tonelli enquanto fazia ponto. Esse suposto envolvimento teria sido motivo de chantagem de Delma que teria obrigado o empresário a adotar o filho, então com 17 anos. Caso contrário, iria denunciá-lo por pedofilia.Segundo a mesma fonte, Delma Freire teria uma empresa de falsificação de documentos para travestis e que os explorava. Teria, inclusive, cobrado de um brasileiro cerca de 5 mil euros para regularizar a sua situação naquele país.

Para a polícia pernambucana, que já teria pedido a prisão temporária de Delma, e suspendido após ela ter sofrido um suposto AVC, o seu perfil já é suficiente para concluir que ela, descrita como uma pessoa fria, calculista, exploradora, que faz tudo por dinheiro e poder, arquitetou toda a trama para assassinar a jovem nora. Principalmente após Jennifer ter virado, pelas investigações da polícia, uma mina de euros como titular de um seguro de vida calculado em R$ 1,2 milhão.